A Federação de Jornalistas da América Latina e Caribe (FEPALC) manifestou, no dia 7 de abril, profunda preocupação com a extrema violência sofrida por jornalistas na região. Recentemente dois jornalistas foram assassinados no México, dois foram presos na Venezuela e um foi vítima da perseguição em Honduras. Na nota oficial a entidade também se congratulou com a categoria pelo Dia do Jornalista no Brasil. Sindicalistas criticaram a postura tendenciosa da ONG Repórteres Sem Fronteira, que condenou o bloqueio de trabalhadores argentinos à distribuição de periódicos do grupo Clarín.
A FEPALC convocou suas 14 entidades filiadas a ficarem vigilantes na defesa da vida e da integridade física dos jornalistas e na promoção da liberdade de expressão. “Não podemos continuar a testemunhar a morte de mais colegas da região”, diz a nota, que denuncia a impunidade do Estado do México e de Honduras por crimes contra profissionais de imprensa.
No documento lançado no dia 7, além de congratular-se com os jornalistas brasileiros e com a FENAJ e Sindicatos da categoria, por suas lutas na defesa do exercício qualificado da profissão, das liberdades de imprensa e de expressão e por melhores condições de vida e de trabalho para os jornalistas, a FEPALC também congratulou-se com a libertação do jornalista Maolis Castro e do fotojornalista Ernesto Morgado, do jornal El Nacional, que permaneceram por mais de sete horas presos no Departamento de Investigação Criminal da Polícia Militar de Caracas (Venezuela).
Bloqueio ao Clarín
Em nota emitida no dia 31 de março, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) manifestou seu respaldo às ações da Federação Argentina de Trabalhadores da Imprensa (FATPREN) no apoio a greve dos trabalhadores do grupo Clarín. Nos dias 26 e 27 de março os trabalhadores bloquearam a distribuição de periódicos do grupo, que, além de atacar a organização sindical dos trabalhadores, não respeita seus direitos e vem atrasando há meses o pagamento de salários.
O presidente da FIJ, Jim Boumelha, condenou a tentativa do grupo Clarín de classificar a ação dos trabalhadores como atentado à liberdade de expressão. Para Boumelha, o grupo detentor de 383 veículos de comunicação tenta deturpar as manifestações dos trabalhadores como desculpa para manter os seus monopólios, enfraquecer a influência dos sindicatos e forçar o governo argentino para alterar as medidas legislativas aprovadas nos últimos anos para impedir o monopólio da mídia.
Posição retrógrada
Sindicalistas e blogueiros progressitas criticaram a manifestação da ONG Repórteres Sem Fronteira sobre o bloqueio promovido pelos trabalhadores de imprensa argentinos. Segundo a RSF, “obstaculizar a difusão de um periódico constitui um ataque a liberdade de publicação, que é um componente da liberdade de expressão”.
Contrapondo-se à postura da ONG, articulistas resgataram a simpatia por concepções de direita e a omissão da RSF diante de golpes militares. “A questão do financiamento da RSF, curiosamente rotulada de ‘organização não-governamental’, sempre despertou suspeita. Os mais céticos, porém, não vacilam em denunciar que esta e outras ONGs ‘humanitárias’ são bancadas por poderosas corporações empresariais e pelos governos das potências capitalistas”, detonou o editor do portal Vermelho, Altamiro Borges.
Celso Schröder, presidente da Federação dos Jornalistas da América Latina e do Caribe (FEPALC) e da FENAJ, considera que a defesa da liberdade de expressão propalada pela RSF nada mais é do que a reprodução das concepções dos donos da mídia. “A greve dos trabalhadores argentinos foi absolutamente legítima na defesa de seus direitos que vêm sendo desrespeitados pelo grupo Clarín. Caracterizá-la como atentado à liberdade de expressão é reportar-se aos fatos com os olhos do patrão”, condenou.