Morre, em Porto Alegre, Osmar Trindade, fundador da Coojornal

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A Federação Nacional dos Jornalistas e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul têm o doloroso dever de infomar o falecimento do jornalista gaúcho Osmar Trindade ocorrido na noite de terça-feira (30) no Hospital Santa Rita, do complexo da Santa Casa, vitimado por câncer. 

Nascido em 11 de outubro de 1936, em Santana do Livramento, Trindade desenvolveu uma sólida e intensa carreira profissional em vários veículos de comunicação no Brasil e no exterior, entre 1970 e 2009. Iniciou a carreira na Folha Popular e em A Platéia, de Livramento. Em Porto Alegre, foi editor do Jornal da Semana; repórter especial na sucursal do jornal O Globo em Porto Alegre; chefe de reportagem geral TV Gaúcha (atual RBS TV) e editor do programa “Campo e Lavoura”; editor e chefe de redação da Folha da Manhã, da Companhia Jornalística Caldas Junior até 1974 quando foi um dos fundadores da Cooperativa dos Jornalistas Profissionais de Porto Alegre, a famosa Coojornal.

Na Coojornal ocupou os cargos de presidente e vice-presidente. Também foi editor do mensário Coojornal,do semanário O Rio Grande e da revista Agricultura & Cooperativismo. Foi ainda diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (980 – 1983), gestão presidida por Lauro Hagemann. 

Pautando sua atuação no respeito à ética e aos direitos humanos, padeceu com a falta de liberdade de expressão imposta pelo regime miiltar. Em 1980 foi preso, em função da publicação, no Coojornal, de dois documentos reservados do Exército: os relatório da Operação Registro (combate à guerrilha no Vale da Ribeira (1969) e Operação Pejussara, a perseguição e morte do ex-capitão Carlos Lamarca no interior da Bahia (1971). Cumpriu cerca de um mês de prisão de uma condenação, em primeira instância, de seis meses, no presídio Madre Pelletier. O processo prescreveu quando estava para ser examinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre 1984 e 1999, foi assessor técnico estrangeiro do projeto “Comunicação Social para o Desenvolvimento Rural Integrado” do Ministério da Informação da República de Moçambique. A função consistia em implantar delegações do Instituto de Comunicação Social em províncias do interior moçambicano, dar formação prática a moçambicanos em comunicação social para serem “Correspondentes Populares”, e supervisionar a operação das delegações para atingir as metas e objetivos do programa de comunicação social do governo local. Nestas funções, coordenou a produção e edição de veículos locais, como o Jornal O Campo, o programa radiofônico Aldeia Comunal e o programa televisivo Canal Zero. Trindade foi supervisor geral do projeto nas províncias de Nampula, Zambézia, Tete, Niassa, Inhambane, Manica e Maputo. De volta ao Brasil, no ano 2000, fixou-se no Amapá, onde foi assessor de comunicação do governo do Estado, de João Capiberibe. Posteriormente foi chefe de redação e editor geral do Diário Folha, do Amapá. 

A partir do ano 2005 transferiu-se para Brasília, onde desempenhou funções em assessoria política. Mais recentemente, trabalhou em campanhas políticas e, ultimamente, discutia com um grupo de jornalistas a criação de um novo jornal em Brasília. 

Internado no dia 24 de maio no Hospital Regional Asa Norte, em Brasília, Trindade foi transferido no sábado passado(27) para Porto Alegre, em estado grave.Em seus últimos dias teve o apoio de uma rede de solidariedade organizada por familiares, amigos,colegas, parlamentares e autoridades de Executivos, mobilizados inclusive no exterior. 

Com esta densa trajetória, Trindade deixa, como legado profissional, a prática intransigente de um jornalismo comprometido com a busca da justiça social, preocupado com a democratização dos meios de comunicação, abrindo espaço para o contraditório e expandindo o acesso para permitir o exercício da cidadania por todos os povos.

Porto Alegre, 01 de Julho de 2009.

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul