Seminário de Londrina reafirma compromisso com jornalismo ético

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not049Além de levantar propostas de alteração do Código de Ética do Jornalista, o 1º Seminário Nacional Ética no Jornalismo marcou a retomada da discussão sobre o Conselho Federal dos Jornalistas. Promovido pela FENAJ e Sindicato dos Jornalistas de Londrina, o evento reuniu, de 30 de março a 01 de abril, em Londrina-PR, 326 participantes. As principais conclusões do Seminário foram sintetizadas na Carta de Londrina ( leia íntegra no final).

No documento final do encontro, os jornalistas criticam “o poder econômico, a absurda concentração da mídia no Brasil, a censura e a violência que ameaçam a liberdade de imprensa e a própria democracia no País” . Também consideram que “a distorção, a manipulação e a deturpação dos fatos de interesse público iludem a sociedade e criam obstáculos ao pleno exercício da cidad_nia”.

O Seminário de Londrina reafirmou o compromisso dos profissionais com o Jornalismo “enquanto processo social que assegure ao público o direito ao discernimento, à autonomia e à liberdade de escolha”. O entendimento geral é que a criação do Conselho Federal dos Jornalistas consolida a luta da categoria “em defesa de uma postura ética e dos valores que devem orientar a conduta responsável no Jornalismo para promover o respeito aos direitos individuais e coletivos em uma democracia”.

Para o presidente da Comissão Nacional de Ética dos Jornalistas, Luiz Spada, o Seminário superou todas as expectativas “tanto no número de participantes quanto na qualidade dos painéis”. Spada considera que as discussões travadas no evento contribuirão bastante para a adequação do Código de Ética dos Jornalistas à nova realidade do exercício do Jornalismo, bastante alterada especialmente com a introdução de novas tecnologias. A presidente do Sindicato dos Jornalistas de Londrina, Raquel de Carvalho, também avalia que o evento foi muito produtivo. “Jornalistas, professores e estudantes puderam fazer uma reflexão do jornalismo de forma integral, já que a ética está essencialmente vinculada à profissão”, analisa Raquel.

Decisões da sessão plenária
Na sessão plenária que encerrou o 1º Seminário Nacional Ética no Jornalismo, foi apresentado o relatório do grupo de trabalho “Formação ética nas escolas de jornalismo do Brasil”. Uma das propostas é que o Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo (FNPJ) crie um Grupo de Trabalho permanente sobre ética. As propostas do grupo serão encdaminhadas para deliberação no 9º Encontro do FNPJ, que será realizado em Campos dos Goytacazes (RJ), de 28 a 30 de abril.

Quanto à revisão do Código de Ética do Jornalista, a plenária aprovou a criação de uma comissão para sistematizar as propostas apresentadas. Ela será composta pelos cinco integrantes da Comissão Nacional de Ética dos Jornalistas e por representantes dos sindicatos de jornalistas do Paraná, Pará e Minas Gerais – um por entidade.

As propostas de atualização do Código de Ética serão submetidas ao 32º Congresso Nacional de Jornalistas, que acontece em julho deste ano, em Ouro Preto.

Leia abaixo a íntegra da Carta de Londrina, divulgada ao final do Seminário.

CARTA DE LONDRINA

A sucessão de questionamentos sobre a conduta da mídia, em um momento de transformação política da sociedade e da natureza tecnológica dos meios de comunicação, torna inadiável a deflagração de um amplo debate que mobilize os jornalistas profissionais na busca de princípios que norteiem a informação no País. Os jornalistas brasileiros, reunidos em Londrina (PR), durante o I Seminário Nacional Ética no Jornalismo, realizado de 30 de março a 1º de abril de 2006, assumem o seu dever de conduzir e ampliar, com urgência, essa discussão.

“O acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade, que não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse” é o que reza o artigo 1º do Código de Ética dos Jornalistas. Oferecer subsídios para a atualização deste Código, que completa 20 anos, foi um dos objetivos do Seminário. No entanto, tão _mportante quanto reavaliar nosso Código, é estimular o seu cumprimento efetivo.

Da mesma forma, os jornalistas brasileiros denunciam o poder econômico, a absurda concentração da mídia no Brasil, a censura e a violência que ameaçam a liberdade de imprensa e a própria democracia no País. A distorção, a manipulação e a deturpação dos fatos de interesse público iludem a sociedade e criam obstáculos ao pleno exercício da cidadania.

Nossa preocupação com a ética se estende à luta pela formação universitária específica para o exercício do Jornalismo, que oriente a correta utilização de métodos e técnicas de apuração e a consolidação da consciência crítica dos futuros profissionais.

Nesse sentido, reafirmamos nosso compromisso com o Jornalismo enquanto processo social que assegure ao público o direito ao discernimento, à autonomia e à liberdade de escolha. A criação do Conselho Federal dos Jornalistas consolida a nossa luta histórica em defesa de uma postura ética e dos valores que devem orientar a conduta responsável no Jornalismo para promover o respeito aos direitos individuais e coletivos em uma democracia.

Londrina, 1º de abril de 2006

Com colaboração de Máxima Comunicação – Assessoria de Imprensa