O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que integra o Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça, foi um dos organizadores da manifestação realizada na terça-feira (14/8), em frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo, pela manutenção da condenação do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra pelo crime de tortura. Ele recorreu, mas a decisão foi ratificada por três votos a zero. Saiba mais, também, sobre o protesto do Sindicato dos Jornalistas de Goiás contra a ação truculenta de policiais militares que ameaçaram e prenderam profissionais de imprensa.
Brilhante Ustra chefiou o centro repressivo do Exército, o DOI-Codi, no período da ditadura militar e havia sido condenado em primeira instância pela tortura de três integrantes da família Teles: Maria Amélia de Almeida Teles, César Augusto Teles, Criméia Schmidt de Almeida, Janaína Teles e Edson Luís Teles durante o período em que estiveram detidos, no começo dos anos 1970.
Durante o julgamento, os manifestantes realizaram um debate público defendendo a manutenção da condenação de Ustra. Um dos debatedores, o presidente do Sindicato, José Augusto Camargo (Guto), lembrou a morte do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, morto em 1971, nas dependências do DOI-Codi que era então chefiado pelo coronel, o que intensificou as campanhas da entidade em favor da democracia e na defesa dos Direitos Humanos e da criação da Comissão da Verdade e Justiça.
“Este não é um ato de familiares e amigos. É um ato em defesa da democracia e de esclarecimento de todo o povo brasileiro do que foi a ditadura militar. O coronel Brilhante Ustra, é sem dúvida, um dos principais representantes daquele período que manchou a história do país”.
Para Guto, o julgamento de Brilhante Ustra, do ponto de vista histórico, é muito mais importante para o país do que o do chamado “mensalão”, que tem ganho ampla divulgação da imprensa. “Este tem a ver com todos os direitos do cidadão. O direito das Minorias, das Cotas, da proteção dos Idosos e dos Adolescentes. Tem a ver com a liberdade individual e coletiva. Mas não ganha muita importância dos órgãos de imprensa, como fazem com o mensalão”, disse ele.
Além de Guto, o debate público teve a participação da Secretaria Nacional de Políticas Sociais da CUT, representada pela diretora Jandira Uehara, do advogado Aton Fon da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, do advogado Lúcio França, da Comissão de Direitos Humanos OAB-SP, Márcio Sotelo Felippe, do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça, Osvaldo Bezerra, da coordenação política do Sindicato dos Químicos, Pedro Estevam Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP e o deputado estadual Adriano Diogo (PT/SP).
A diretora do Sindicato, Rose Nogueira, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/SP, a coordenadora da comissão de Ética da entidade, Denise Fon e o ex-presidente do Sindicato, Antonio Carlos Fon também participaram da manifestação, além de populares que estavam no local e utilizaram a palavra. O Sindicato organizou a manifestação em parceria com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Comitê Paulista Pela Memória, Verdade e Justiça, a OAB/SP e teve a participação do Sindicato dos Bancários, Sindicato dos Químicos, Coletivo Merlino, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, entre outros.
Sindicato de Goiás protesta contra agressão à liberdade de imprensa
Em nota oficial lançada no dia 10 de agosto, o Sindicato dos Jornalistas de Goiás protestou contra a atitude de integrantes de um grupo de elite da Policia Militar do Estado que, no dia anterior, agiram de forma autoritária, ameaçando um repórter-fotográfico e prendendo e algemando um repórter-cinematográfico, que cobriam um acontecimento envolvendo militares da PM de Goiás. Para a entidade, a postura dos policiais “é fato grave, que atenta contra a liberdade de imprensa e coloca toda a sociedade sob ameaça de idêntico tratamento”. O Sindicato cobrou do Governo do Estado as medidas administrativas e disciplinares necessárias.
Com informações dos Sindicatos dos Jornalistas de São Paulo e de Goiás