Jornalista em Sergipe é condenado à prisão por escrever crônica ficcional

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cristian_internaA Justiça em Sergipe condenou o jornalista José Cristian Góes a sete meses e 16 dias de detenção. A condenação atende a uma das ações impetradas pelo desembargador Edson Ulisses, cunhado do governador Marcelo Deda. Ulisses alegou que a crônica literária “Eu, o coronel em mim”, escrita pelo jornalista em maio de 2012, ataca diretamente o governador de Sergipe e a ele. A defesa do jornalista recorrerá da decisão.

Mesmo sendo um texto em primeira pessoa e sem citar nome de ninguém, o desembargador e vice-presidente do Tribunal de Justiça Edson Ulisses, alegou que se sentiu pessoalmente ofendido pela expressão “jagunço das leis” e pediu a prisão do jornalista por injúria.

Em Sergipe, o irmão do governador Marcelo Déda, o desembargador Cláudio Déda é o presidente do Tribunal de Justiça e o cunhado do governador, o desembargador Edson Ulisses, é o vice-presidente, sendo que este último foi escolhido e nomeado pelo governador.

Em uma das audiências do caso, vários representantes de movimentos sociais que lutam pela liberdade de expressão e até familiares do jornalista foram impedidos de participar da audiência. A segurança da Polícia Militar foi reforçada na sede do Tribunal de Justiça. Todos os lugares da sala de audiência foram tomados desde cedo por funcionários com cargos comissionados e terceirizados do Tribunal de Justiça.

Durante o processo, a juíza Brígida Declerc negou à defesa do jornalista a ouvida de duas de suas testemunhas, sendo uma chave para esclarecer todo processo: o governador Marcelo Déda. Também não foi permitida uma série de perguntas do advogado ao desembargador Edson Ulisses e às suas testemunhas.

Apesar de todo o processo ter sido presidido pela juíza Brígida Declerc, do Juizado Especial Criminal em Aracaju, a sentença foi assinada no último dia 04 de julho pelo juiz substituto Luiz Eduardo Araújo Portela.

“Esta é uma decisão em primeira instância. Vamos ingressar com os recursos. Em razão de ser uma sentença absurda, não acreditamos que ela prospere, mas se for o caso vamos até o STF em razão da decisão ferir gravemente à Constituição Federal, e quem sabe, podemos ir até ao CNJ e as Cortes internacionais de Direitos Humanos”, informou Antônio Rodrigo, advogado de Cristian Góes.

Com informações do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe