Justiça apreende livros e amordaça jornalista Fernando Morais

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A Justiça de Goiânia determinou, na semana passada, a busca e apreensão de edições do livro “Na toca dos leões”, do escritor e jornalista Fernando Morais, por ofensa ao deputado Ronaldo Caiado. Além disso, o jornalista foi amordaçado pelo juiz Jeová Sardinha. Fernando Morais não pode fazer qualquer manifestação envolvendo Caiado, integrante da bancada ruralista e fundador da UDR (União Democrática Rural). Se desobedecer, vai pagar multa de R$ 5 mil.

Justamente na semana em que o mundo celebrou o princí­pio da liberdade de imprensa e o direito à livre expressão, a decisão da Justiça soa como uma provocação à democracia. Nos últimos meses, a FENAJ tem denunciado a postura autoritária da Justiça brasileira que, na prática, reinstitucionalizou o nefasto recurso da censura prévia no Paí­s.

Levantamento feito pelo site Consultor Jurí­dico, no ano passado, mostra que, para um universo de 2.783 jornalistas de cinco grupos jornalí­sticos, havia 3.342 ações judiciais por dano moral. É uma prova incontestável de que a imprensa e particularmente, os jornalistas são ví­timas de um absurdo e sem precedentes processo de assédio judicial. É cada vez maior o número de polí­ticos, empresários e inclusive, juí­zes que recorrem ao Judiciário para ocultar ou omitir da sociedade delitos e crimes por eles praticados contra o interesse público.

Silêncio patronal
Em março, também em Goiás, o comentarista esportivo Jorge Kajuru foi condenado, por difamação, a 18 meses de detenção, em regime aberto, na Casa do Albergado de Goiânia. O processo foi aberto por Jaime Câmara Júnior, dono do jornal O Popular e vice-presidente Financeiro da ANJ (Associação Nacionais dos Jornais). Em 21 de janeiro, em Belém do Pará, o jornalista Lúcio Flávio Pinto foi agredido e ameaçado de morte pelo empresário Ronaldo Maiorana, um dos donos do jornal Liberal e irmão de Rômulo Maiorana, integrante do conselho de administração da ANJ. A rede de denúncias de violência contra jornalistas mantida pela ANJ em parceria com a Unesco/Br, não faz nenhum registro desses dois casos.

A FENAJ reafirma seu entendimento de que todo cidadão brasileiro tem o amplo direito de buscar reparar prejuí­zos à sua imagem ou ao seu patrimônio, provocados por ação da mí­dia. Reafirma, também, que o espaço adequado para mediar as relações da sociedade com a imprensa e seus profissionais é o Conselho Federal de Jornalistas, tão atacado pelas mesmas empresas de comunicação que, cinicamente, fazem campanhas pela liberdade de imprensa.

Com este entendimento, a FENAJ defende intransigentemente o jornalismo ético e cumpridor da sua função de atender ao interesse público da comunicação, e rechaça qualquer iniciativa ou tentativa de impor a censura e atacar a liberdade de expressão e de imprensa.

A Diretoria